Da Escrita

























"Ninguém pode escrever um livro. Para
Que um livro seja verdadeiramente,
Requerem-se a aurora e o poente,
Séculos, armas, mar que une e separa.

Pensou isto Ariosto, que ao agrado
Lento se deu, no ócio de roteiros
De mármore claro e de negros pinheiros,
De voltar a sonhar o já sonhado.

O ar da sua Itália percorrido
Era por sonhos, que a partir da guerra
Que em duros séculos cansou a terra,
Urdiram a memória e o olvido.

Uma legião que se perdeu nos vales
Da Aquitânia caiu numa emboscada;
Assim nasceu o sonho duma espada
E do corno que clama em Roncesvales."



- "Poemas Escolhidos"
- Jorge Luís Borges
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